Com o objetivo de divulgar as artes cênicas contemporâneas do Japão, a Japan Foundation dedicou-se - durante a crise global de saúde do COVID-19 - a filmar e encomendar obras de diferentes disciplinas. O resultado desta tarefa é uma coleção de mais de 20 obras que agora estão alojadas online. Todas as obras possuem legendas em vários idiomas, dando assim uma ampla acessibilidade às obras.
Esta iniciativa surgiu para aliviar a impossibilidade de apresentar artes performativas ao vivo e assim poder chegar a mais lugares do mundo mostrando a diversidade criativa de artistas japoneses que, embora continuem a praticar as suas artes tradicionais, estão na vanguarda das artes performativas contemporâneas . . São obras de artistas que colaboram dentro e fora do Japão para alcançar formatos que muitas vezes cruzam disciplinas.
A Japan Foundation espera que com este projeto surjam novos seguidores das artes cênicas japonesas para que em um futuro próximo esses artistas possam se apresentar diante de uma platéia ao vivo.
“A estação d’água” foi estreada em 1981 pela companhia Teatro Tenkei, dirigida pelo dramaturgo OTA Shogo, autor do roteiro. Esta peça faz parte de uma trilogia de mímica teatral em que os atores entram e saem do palco com movimentos extremamente lentos. Umas pessoas se reúnem em silêncio em torno de um cano do qual a água goteja sem cessar. Nesse lugar, sem falar nada, mostram ao público todo tipo de figuras estéticas. A encenação do Teatro Tenkei deixa entrever que uma das pessoas é repatriada de guerra ou refugiada, símbolo dos desejos inatos da humanidade. Isto fez com que a peça fosse muito bem recebida no exterior.
Esta versão foi concebida e dirigida por HORI Natsuko, atriz da companhia teatral Seinendan. Ela acompanha o espírito da peça original de Ota nos movimentos lentos e na mímica, mas a água cai vários metros em cascata do teto da sala de teatro Atelier Shunpusha até um buraco no chão; o número de atores, além disso, é reduzido a oito. O tema central nesta versão de novembro de 2020 e em outras anteriores sob direção da mesma atriz é o caminho para a morte de uma vida da qual não é possível fugir. Esta ideia é de HORI Natsuko, quem dirige a encenação desde outubro de 2019 com o olhar focado na morte e na ausência. “A estação d’água” é a segunda peça dirigida por esta atriz da companhia teatral Seinendan.
2020
Ateliê Shunpusha
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Em parceria com a EPAD (https://epad.terrada.co.jp/)
MULTUS, Tomoko Mukaiyama Foundation
Conceito + Filme: MUKAIYAMA Tomoko, Reinier VAN BRUMMELEN
Elenco: MUKAIYAMA Tomoko, MORIYAMA Mirai
“O protagonista desta peça é o próprio Museu Hara. Originalmente, mansão construída em 1938, o Museu Hara foi inaugurado em 1979 como museu particular de arte contemporânea. Projetado por WATANABE Hitoshi, foi considerado uma obra-mestra da arquitetura modernista com um toque de Art Déco. O edifício era per se uma obra de arte, como pode se ver no interior que simula uma espaçonave no início do vídeo. O pequeno pátio foi amado por muitos dançarinos e acol-xlheu diversas performances.
Infelizmente, o edifício foi fechado por causa do envelhecimento de suas instalações, e muitos artistas se reuniram para uma atuação de despedida.
O vídeo foi concebido e produzido por MUKAIYAMA Tomoko e Renier VAN BRUMMELEN, captando uma performance de Mukaiyama e MORIYAMA Mirai. Mukaiyama é pianista, diretora, artista e intérprete com residência em Holanda. Moriyama é ator e dançarino; ele tem col-xlaborado com artistas do mundo inteiro. O próprio Museu Hara ganha vida no vídeo em forma de som e dança com a poderosa presença destes intérpretes.
O filme foi feito em 2020 e passado durante 10 dias até o fechamento do museu, em 11 de janeiro de 2021”.
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Em parceria com a EPAD (https://epad.terrada.co.jp/)
A Monochrome Circus é uma companhia de dança (não um grupo circense) com forte presença na região de Kansai. É dirigida por SAKAMOTO Kosei. Nesta ocasião, TAKAHASHI Jun é autor da coreografia, graf é responsável pela cenografia e YAMANAKA Toru, do grupo Dumb Type, pela produção musical. TAKAHASHI Jun, um dos fundadores da companhia de dança Mizu to abura (Água e óleo), cuja atividade é focada na mímica, salienta por sua capacidade para conceber formas de expressão em que o corpo interage com um objeto. Este espetáculo leva o mesmo título que o célebre balé de Kurt Jooss; porém, desta vez, o lugar onde a erva cresce é uma autêntica “mesa verde” ou, por outras palavras, um mundo em que os espaços ao ar livre e os lugares fechados se misturam. Os quatro artistas sobre o palco têm uma cadeira (um lugar próprio), mas eles também se deitam sobre a grama da mesa, que parece ser um espaço muito confortável. Todos eles se mostram indiferentes entre si, mas, ao se encontrarem, eles se reclinam uns contra os outros para depois tornar a se separar e se transformar em simples observadores. Ao longo do espetáculo, a relação entre os artistas vai evoluindo de milhares de maneiras em um mundo que leva dentro de si uma “terra”, simbolizada pela mesa.
2009 Ateliê Gekken
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Em parceria com a EPAD (https://epad.terrada.co.jp/)
A Nibroll, companhia artística liderada por YANAIHARA Mikuni, sempre criou peças baseadas nas possibilidades marginais, ao invés do que costuma ser chamado de "dança", em que os integrantes se movimentam de forma ordenada. YANAIHARA, que já recebeu o prêmio de arte dramática mais prestigioso do Japão, apresenta elementos teatrais a cada momento desta peça. Mais do que enfeitar o palco, as imagens de TAKAHASHI Keisuke e a música da SKANK encarnam o conceito da peça e aumentam sua força.
A característica distintiva do título é que Romeu e Julieta estão unidos pela conjunção “OU”.
No início da representação, dançarinos e dançarinas cobrem suas extremidades inferiores com calças curtas e pretas, isto é, a peça começa a partir de um conceito no qual o gênero feminino e masculino de “saia e calça” foi eliminado.
Assim, diversas linhas de fronteira foram traçadas. Linhas que dividem as pessoas e o mundo.
O amor mútuo não se restringe a Romeu e Julieta (um casal heterossexual). Alguém pode se apaixonar indistintamente por Romeu (homem) ou por Julieta (mulher). É quanto a isso que as linhas de fronteira não existem.
2008 Setagaya Public Theatre
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Em parceria com a EPAD (https://epad.terrada.co.jp/)
Esta é uma adaptação em vídeo do repertório característico de Baobab, companhia de dança que tem se apresentado em diversos festivais no Japão e no exterior, bem como em numerosas performances independentes. É um documentário metaficcional que retrata a dança como imagem e os gêneros de dança existentes como um quadro do qual os dançarinos tentam pular para fora a fim de serem livres, indo e vindo entre ficção e realidade. Do início até a metade, o estilo do vídeo é de documentário; nele, o diretor da companhia, KITAO Wataru, e os dançarinos revelam seus pensamentos e ideais em torno da dança. A última parte é ambientada no hall deserto do aeroporto de Haneda, em Tóquio, onde libertam sua dança rítmica e singularmente dinâmica, ultrapassando os limites do enquadramento. Mostra o lado kitsch de sua luta por ir contra o “quadro da dança”, às vezes, de maneira antitética.
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Algumas vezes, Mito se faz chamar de “dançarina monstruosa”. Ela é delicada e resistente. É capaz de col-xlocar em ação, com domínio total, cada uma das células do seu corpo, exibindo uma energia incandescente. Não é como o butoh, mas sua dança mobiliza igualmente una força de gravidade consciente. Seus movimentos não semelham os de um ser vivo convencional. É impossível afastar o olhar dela ao ver como executa sem pausa movimentos inimagináveis, como se inúmeras criaturas povoassem seu interior. O título da peça em japonês (“Matou”) é uma palavra que, foneticamente, tem muitos significados: vestir, permanecer junto, envolver-se, etc. Mito diz que esta peça é como um mandamento para continuar dançando a fim de desempenhar o papel que lhe foi atribuído nesta vida. E isso é o que ela tem feito desde sua estreia em 2015, com apresentações em diversos países que se traduziram em múltiplos prêmios. Lá onde for, Mito consegue fascinar o público.
Esta peça carece de argumento, pois tudo se reduz ao movimento incessante do corpo da artista.
Perfil de MITO Ruri:
Dançarina e coreógrafa nascida em Tóquio. Ela se iniciou na dança moderna aos 5 anos e logo encenou suas próprias coreografias. Também atuou em criações concebidas por coreógrafos de primeiro nível dentro e fora do Japão. Em 2017, fundou a Companhia Ruri Mito, com a qual leva aos palcos de forma periódica peças de alta qualidade. Foi reconhecida com múltiplos galardões nacionais e internacionais, como o Prêmio Hijikata Tatsumi. Desde 2020 é artista convidada da Fundação Saison. Desenvolve sua atividade no butoh, no cinema e no teatro.
A FUTOME Performance (NORIMTATSU Kaoru e TETSUDA Emi) é uma companhia teatral que realiza representações principalmente na prefeitura de Fukuoka, na região sul do Japão.
Aproveitando as características dos seus corpos gorduchos e do seu físico peculiar, as duas apresentaram numerosas peças cuja linguagem corporal se afasta da dança tradicional. Algumas vezes, elas usam sua corpulência para esmagar um monte de latas ou pintam linhas a caneta em cada parte dos seus corpos, explicando como sua vida foi até atingir o peso atual. Nesta peça, dançam com música que lembra canções populares e utilizam como palco o terraço vazio de um edifício com um fundo de paisagem urbana. Seu título, “Sento”, evoca os caracteres chineses que referem a “banheiro público” ou “batalha”. As protagonistas desdobram uma dança suave e por sua vez vigorosa, semelhando a contradição entre relaxamento e conflito. Sua dança não nasce das formas nem dos estilos, mas da singularidade de seu próprio corpo.
A dança contemporânea está disponível para todo o mundo. Para todas as raças e culturas e, claro, para todos os físicos. Esta peça mostra a diversidade da dança no Japão, diferente da dança em geral, com tendência a ser “veloz e vigorosa”.
2020
Strange seed the Park online viewing Venue
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Em parceria com a EPAD (https://epad.terrada.co.jp/)
O Kabuki é uma forma de teatro popular, famoso no mundo todo, com uma história de 420 anos.
Surgiu pela primeira vez no século XVI, e acredita-se que deve seu nome aos “kabukimono” da época, samurais sem amo que não achavam um lugar no ambiente do período Edo, cujas extravagantes roupas, movimentos arrogantes e estilos de vida livres inspiraram as personagens do Kabuki. A partir de então, o Kabuki tem sempre preservado a tradição e se mantendo na vanguarda das tendências atuais.
Vamos nos adentrar no Kabuki tanto na tradição clássica como no “Cho-Kabuki”, que combina um ator de Kabuki ao vivo e a cantora virtual Hatsune Miku.
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
O Bunraku, também chamado de Ningyō jōruri, é uma arte integrada em que o tayū (narrador dramático), o alaúde shamisen e os marionetistas trabalham em uníssono. O tayū narra o diálogo, a psicol-xlogia e os movimentos de todos os personagens e desenvolve a história. O futozao shamisen (“shamisen de pescoço largo”), com seu potente e magnífico som, cria o dramatismo da peça e exprime as emoções do jōruri (narração dramática acompanhada de música). Quando os marionetistas adicionam os movimentos aos sons produzidos pelo narrador e pelo intérprete de shamisen, as marionetes ganham vida num abrir e fechar de olhos. Os bonecos do Bunraku mostram em detalhes as expressões faciais e os movimentos das articulações dos dedos. Os bonecos são manipulados por três pessoas: o titereiro principal, que movimenta a cabeça e a mão direita, o segundo titereiro, que manipula a mão esquerda, e o terceiro titereiro, responsável pela manipulação dos pés. A habilidade dos titereiros, do tayū, que narra a história, e a do intérprete de shamisen cria a atmosfera e exprime as emoções.
Apresentado por: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
Kyōgen é um teatro cômico baseado em diálogos. A primeira fala da maioria das personagens para se apresentarem no palco é “Sou um morador dessas redondezas”. Isso significa que o que está sendo representado é um fato universal que pode ser compreendido por pessoas de qualquer época e lugar.
Em “Kirokuda” (As seis cargas de lenha), peça que trata sobre um criado que deve entregar um presente no meio de uma forte tempestade de neve, explora-se a atração do Kyōgen, que mostra o karma humano através de um humor sofisticado. Também usa de métodos de produção, incluindo as “katas” para representar emoções e gestos cotidianos.
Direitos autorais e de produção: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)
O teatro Noh possui uma beleza estética que transcende o tempo. É uma arte que, com seu estilo de canto único, nos permite apreciar a beleza da natureza e a constante transição das quatro estações, através de imagens de animais, aves e flores. Em alguns momentos, o palco nos mostra imagens cheias de vida e espetáculo e, em um instante, o drama contrasta com o mais severo minimalismo. O Noh é uma ponte entre o nosso mundo (dos vivos) e o outro mundo (dos mortos), dando asas à imaginação do público que assiste, mostrando de fantasmas de personagens famosos até temíveis espíritos vingativos e, ao mesmo tempo, a pureza dos deuses Shinto do Japão.
A peça Noh Tatsuta apresenta imagens de belas paisagens, juntamente com intensas cenas do teatro Noh, entrelaçadas com a beleza das folhas do outono. Além disso, o programa oferece um olhar mais profundo do mundo do Noh, ensinando-nos como sua estética inspirou os tecidos e brocados tradicionais dos artesãos nas antigas oficinas de confecção de Kioto através do tempo.
Direitos autorais e de produção: The Japan Foundation (JF) Fundação Japão (https://www.jpf.go.jp/e/)